Guilherme de Oliveira *
Essa foi à pergunta feita pelos moradores quando viram as crateras abertas pelas retroescavadeiras na região de Águas Claras em Viamão/RS. Há mais de dois anos vem sendo extraídas toneladas de areia que se transformaram na mais nova fonte de riqueza com custo baixo para empresários, mas alto para os habitantes da região. Moradores indignados afirmam que estão sofrendo de problemas físicos, mentais e sociais por conta do trabalho exploratório nas jazidas. E não é para menos. São dezenas de caminhões que circulam todos os dias pelas precárias vias de areia levantando poeira e provocando diversos casos de asmas, bronquites e renites. O barulho emitido pelas máquinas é de deixar qualquer pessoa atormentada já que elas começam às 05h20min e vão até as 23 horas, mesmo em sábados, domingos e feriados. O grande fluxo de caminhões pesados tem criado buracos de mais de um metro de profundidade provocando acidentes brutais, provocando tanta poluição que as pessoas não podem abrir as janelas durante o dia. O meio-ambiente é desrespeitado diariamente com uma impunidade que surpreende a todos.
Em busca de justiça, a promotora Anelise Grehs Stifelman tem acompanhado o caso das diversas irregularidades encontradas nas mais de 22 jazidas. Só no dia 28 de outubro, a promotora encontrou um caminhão sem nota fiscal da mercadoria e interditou duas dragas que faziam a drenagem. Perguntada sobre os procedimentos da Promotoria ela afirmou que ‘’ Agora iremos esperar o envio dos relatórios feitos pela FEPAM (Fundação Estadual de Proteção Ambiental) e pelo Batalhão de Policia Ambiental e de acordo com os resultados pretendemos, em relação a cada empreendimento, agir na esfera civil e criminal. No que se refere à estrada do cemitério pretendemos agir com o COVIMA (Conselho Viamonense de Meio Ambiente) junto a Prefeitura Municipal para que a questão do transporte seja solucionada por se tratar de uma via municipal que não comporta notoriamente esse tipo de atividade. ‘’.
O meio ambiente tem sido castigado de maneira drástica. O sistema de exploração da areia consiste em cavar buracos quilométricos para buscar areia do subsolo que é considerada mais pura. Está areia é puxada com a água dos lençóis d água e é levada para os caminhões. A água que fica não volta para os lençóis, ela forma um balneário onde logo é evaporada e migra para outros lugares deixando a região cada dia mais seca. Pedro Ciarlo que é conselheiro do COVIMA afirma que ‘’A comunidade só recebe coisas ruins desta obra. Saúde degradada, meio ambiente degradado e nossa riqueza maior que é a água esta indo embora’’.
O vereador Romer Guex (PSOL) de Viamão condena a prefeitura pelos danos causados ao meio ambiente e a população e já está comprometido com o embate político. ‘’ O licenciamento ambiental é feito pelo município e é o município que licencia a localização do empreendimento. Houve uma falha de gerenciamento de localização dessas atividades que ficaram muito concentradas nessa região, o que acabou ocasionando nesse impacto ambiental e também nesses danos à saúde da população e ao transporte na região. ’’, afirma Guex.
* Guilherme de Oliveira (Assessoria de Comunicação do Gabinete do Vereador Romer Guex)