quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Núcleo SOI Viamão na luta contra corrupção


O núcleo SOI (Socialismo Independente) do PSOL de Viamão esteve na Câmara Municipal de Porto Alegre,no dia 15/12, reivindicando a CPI para apurar os desvios da Secretaria da Juventude.

No dia sete de dezembro, a vereadora Juliana Brizola foi a Tribuna requerer a instauração de uma CPI para investigar as três gestões que estiveram a frente da Secretaria de Juventude. Mas o presidente da Câmara, Nelcir Tessaro (PTB), baseado num parecer da Procuradora Geral da Casa sobre a FORMA do requerimento, resolveu arquivar o pedido embora tivesse sido assinado por 20 vereadores.

No dia treze, as vereadoras Juliana Brizola e Fernanda Melchionna (PSOL) encaminharam recurso contra a decisão de Tessaro. No entendimento da verª Fernanda o que se deve analisar é o CONTEÚDO e não a FORMA do requerimento. O recurso foi encaminhado para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), presidida pelo vereador Pedro Ruas (PSOL) e foi votado na manhã de ontem (15/12). Embora Ruas tenha emitido um parecer favorável à instauração da CPI a Comissão rejeitou, por quatro votos a dois, o recurso das vereadoras Fernanda Melchionna e Juliana Brizola, determinando o arquivamento do pedido de CPI para investigar irregularidades na Secretaria Municipal da Juventude.

Na tarde de ontem (16/12), Luiz Braz que é membro da CCJ e votou contra o recurso das vereadoras Fernanda e Juliana, ou seja, a favor do arquivamento da CPI, protocolou um novo pedido de CPI. Em pronunciamento na tribuna o vereador Pedro Ruas (PSOL) alertou sobre o pedido protocolado por Braz: “Isso foi uma manobra política. Não sejamos ingênuos. O que está em jogo aqui é a presidência da Comissão Parlamentar de Inquérito, porque quem propõe a CPI preside”.

A vereadora Juliana Brizola também protocolou um novo pedido de CPI, na sessão de ontem, mas o requerimento continha apenas 11 assinaturas. Oito vereadores que assinaram o primeiro pedido, no dia 7 de dezembro, se negaram a assinar o novo requerimento de Juliana Brizola.

O vereador Mauro Zacher, ex-secretário de Juventude e possível investigado na CPI, não compareceu a reunião da CCJ que votou o recurso das vereadoras Juliana e Fernanda e também não estava na sessão plenária de ontem que pautou a CPI da Juventude.
Após a discussão no plenário, dezenas de jovens munidos com água e sabão lavaram a rampa da Câmara Municipal. O protesto, organizado por diretores do DCE da UFRGS em conjunto com Grêmios Estudantis da Capital, era uma forma de pressionar os vereadores a assinarem o pedido de abertura da CPI para investigar a Secretaria Municipal de Juventude.

Durante a lavagem da rampa, diversas representações se pronúnciaram e se comprometeram com a luta contra a corrupção. Sônia Ciarlo, do SOI, afirmou que ''Viamão está unida com Porto Alegre na luta contra a corrupção e em qualquer ato que venha a ser realizado em prol do povo. Assim como a vereadora Fernanda, o vereador Romer Guex (PSOL) de Viamão está engajado na luta por uma política mais transparente e digna, para que sejam apurados os atos ilicitos que são cometidos com o dinheiro público.''

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Onde estão os mortos? (Barbárie)


Repressão na ditadura militar= repressão na ditadura do capital

Houve 37 mortes nas operações da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão; não se sabe como ocorreram nem quem era bandido ou inocente

Marlene Bergamo - 30.nov.2010/ Folhapress
Enterro de Rogério Cavalcante, que morreu após ser atingido por uma bala no Alemão
LAURA CAPRIGLIONE
MARLENE BERGAMO

O adolescente Davi Basílio Alves, de 17 anos, morreu na quinta-feira (25/11). Soldado do tráfico -a própria família o admite-, o jovem foi alvejado por policiais e caiu morto em uma rua de terra da Vila Cruzeiro, quando tentava fugir para o Complexo do Alemão. A mãe de Davi mora em uma viela suja, pichada com um imenso C.V. do Comando Vermelho, na parte baixa da favela.

A mulher logo recebeu a notícia de que o filho não conseguiu escapar. Quando o tiroteio amainou, ela correu ladeira acima. Viu Davi morto ao lado de um campinho de futebol e pediu aos soldados vasculhando as quebradas em busca de armas e drogas para que removessem o corpo de lá.

"Eles disseram que tinham mais o que fazer. Que, se ela tinha sido capaz de pôr um bandido no mundo, seria capaz também de enterrá-lo", rememorou uma vizinha.

A mãe telefonou para a funerária. "Disseram que não dava para fazer o trabalho." E não dava mesmo. Rajadas de tiros ainda cortavam a favela.

Choveu na noite de quinta. A manhã úmida veio com um calor de 29ºC na sexta. O corpo do adolescente grandalhão começou a incomodar. Rondavam urubus, que se empoleiravam às dezenas na torre de transmissão elétrica, a poucos metros dali.

AOS PORCOS

Das mais de 20 pocilgas localizadas nos terrenos baldios próximos, saíam porcos magros, em estado de fome crônica. No sábado, o cadáver amanheceu dilacerado.

A mãe arrumou um carro -a vizinhança já não suportava o cheiro. O corpo foi enrolado em uma lona e conduzido ao Hospital Getúlio Vargas, na Penha.

Oficialmente, o jovem morreu naquele dia. Ficou assim registrado na planilha divulgada pelo Instituto Médico Legal: Davi Basílio Alves, 17 anos, pardo, Vila Cruzeiro. Só.

Para a Polícia Militar, 37 pessoas morreram em confrontos polícia-bandidos desde o dia 21 na Vila Cruzeiro e no Complexo do Alemão.

Todo dia, a corporação solta um balanço das operações. Coisa sucinta, contabiliza mortos junto com número de garrafas PET e litros de álcool e gasolina apreendidos. Nenhum nome.

Para a Secretaria de Segurança Pública, morreram 18 pessoas (17 identificadas).

O número refere-se aos cadáveres produzidos a partir do dia 25. Os mortos entre os dias 21 e 24, a secretaria não contabiliza. E diz que nem o Instituto Médico Legal do Rio tem dados referentes aos mortos desse período, apesar de todos os corpos recolhidos nas favelas sinistradas pela violência terem sido encaminhados para lá.

INOCENTES

Coincidentemente, a contabilidade da Secretaria de Segurança Pública, omitindo as estatísticas anteriores ao dia 25, evita mencionar incômodas mortes de inocentes óbvios. Como a da adolescente Rosângela Barbosa Alves, 14, atingida por um tiro nas costas enquanto estudava dentro de casa, na frente do computador. Ou a da dona de casa Janaína Romualdo dos Santos, 43, e de um idoso -todos atingidos por balas perdidas.

Sobre as mortes ocorridas a partir do dia 25, o IML nada informa a respeito das circunstâncias em que elas aconteceram. Diz que os "detalhes sobre os laudos são peças de investigação e não serão divulgados".

Assim, não se sabe se houve tiros à queima-roupa, ou o número de perfurações nos corpos, ou se houve concentração de disparos na cabeça. Nem sequer se sabe se alguém morreu esfaqueado.

SILÊNCIO

A Folha pediu para entrevistar um perito do IML. Resposta: "Infelizmente, não há perito disponível para conceder entrevista sobre o laudo cadavérico dos corpos".

"Esse tipo de silêncio seria inadmissível se os mortos fossem moradores ricos de Ipanema, mas, como é gente pobre, vale tudo", disse uma professora da Vila Cruzeiro.

O segurança Rogério Costa Cavalcante, 34, aparece em uma lista de mortos como um dos "traficantes que trocaram tiros com os policiais", segundo informação oficial da assessoria de comunicação da Polícia Civil do Rio.

Das poucas coisas que se sabe sobre os mortos nos confrontos dos últimos dias, uma das mais certas é que Rogério Costa Cavalcante não trocou tiros com os policiais. Ele foi alvejado bem na frente das câmeras de fotógrafos e cinegrafistas.

Tinha os bolsos cheios de convites para a festa de aniversário de seu único filho. Iria entregá-los quando deu o azar de ficar entre os fogos da polícia e dos traficantes.

Cavalcante caiu com um buraco na barriga, pediu socorro e desfaleceu na frente das câmeras. A Primeira Página da Folha de sábado passado (27/11) publicou a foto.

SEM AUTORIDADE

O homem foi enterrado no cemitério do Catumbi na terça-feira (30/ 11). Com a polícia acusando-o de ligação com o tráfico, nenhum representante do Estado achou necessário levar solidariedade à família. Da imprensa que se acotovelava no Complexo do Alemão quando Cavalcante foi atingido, só a Folha acompanhou o enterro.

O Ministério Público ainda aguarda a conclusão dos inquéritos sobre as mortes, para entrar na história. Isso pode demorar até 30 dias.

Na última quinta-feira, um grupo de ONGs com atuação na área dos confrontos reuniu-se para "construir uma agenda propositiva para o conjunto de favelas do Alemão". Pediam investimentos do governo. Sobre os 37 mortos, nenhuma palavra.
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Fonte: Folha de São Paulo - 5/12 - Cotidiano

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

VEREADOR ROMER DIZ QUE POVO TEM QUE SE ORGANIZAR PARA QUE COMBUSTÍVEIS BAIXEM DE PREÇO



Em pronunciamento na Tribuna da Câmara de Vereadores, Romer Guex, do PSOL, manifestou a necessidade da população em se organizar para combater a exploração a que tem sido submetida pelo Governo com o preço que paga pelos combustíveis no país. “No momento em que se discute a questão do pré-sal, e que em alguns momentos, vendem a velha idéia de que “o petróleo é nosso”, é necessário lembrarmos que os lucros aviltantes e exorbitantes obtidos pelas empresas petrolíferas e suas distribuidoras no Brasil demonstram, ao contrário, de que além do petróleo não ser nosso, ele está nos escravizando e nos explorando. Urge que tomemos medidas para impor uma redução ao preço do litro da gasolina em nosso país. Deve ser de conhecimento público que no Paraguai (que não tem nenhum poço de petróleo) a gasolina custa R$ 1,45; na Venezuela R$ 0,17 ; Trinidad y Tobago R$ 0,61; Panamá R$ 1,14; Haiti R$ 1,92 o litro e sem adição de álcool; na Argentina, Chile e Uruguai que juntos (somados os 3) produzem menos de 1/5 da produção brasileira, o preço da gasolina gira em torno de R$ 1,70 o litro e sem adição de álcool. Somos AUTO-SUFICIENTES em petróleo e possuímos a TERCEIRA maior reserva de petróleo do MUNDO. Realmente, só tem uma explicação para pagarmos R$ 2,59 o litro, a GANÂNCIA do Governo com seus impostos e a das distribuidoras que buscam lucros exorbitantes.

Overeador Romer afirmou que ‘’se não fizermos nada, logo pagaremos R$ 3,00 pelo litro. Como poderemos baixar o preço da gasolina? Nós precisamos de uma ação enérgica e agressiva. Neste sentido, me filio a uma campanha nacional que pretende reduzir estes preços, sem que tenhamos que consumir menos.’’.

O socialista apresentou um manifesto a população.’’Nos próximos meses não compre gasolina da principal e maior fornecedora brasileira de derivados de petróleo, que é a PETROBRÁS (Postos BR). Se ela tiver totalmente paralisada a venda de sua gasolina, estará inclinada e obrigada, por via de única opção que terá, a reduzir os preços de seus próprios produtos ou forçar o governo em reduzir os impostos, para recuperar o seu mercado. Se ela não fizer isso, NINGUÉM IRÁ QUERER A SUA BANDEIRA BR. Se fizer, as outras companhias (Shell, Esso, Ipiranga, Texaco, etc...) terão que seguir o mesmo rumo, para não sucumbirem economicamente e perderem suas fatias de mercado. Vamos lutar na Lei deles, ou seja, da “OFERTA E DA PROCURA”, afirmou Romer Guex do PSOL.

O BRASIL CONTA COM VOCÊ!!!

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Caçada na favela da Vila Cruzeiro




Plínio de Arruda Sampaio contesta a ação policial no Rio: é a “criminalização da pobreza”. E propõe alternativas.

O melhor jeito de não terminar com a criminalidade nos morros do Rio de Janeiro é realizar uma operação militar com mais de mil policiais para prender e matar traficantes numa favela.


Será possível que as autoridades ainda não tenham entendido que a invasão das favelas só cria mais ódio e só serve para matar inocentes? Claro que entendem muito bem. Nós é que não entendemos a real intenção delas, pois, na verdade, o objetivo dessas incursões militares não é prender traficantes, mas amedrontar as populações pobres que aí vivem.


Trata-se da criminalização da pobreza. É preciso aterrorizar os pobres para que não tenham a menor veleidade de reclamar contra seu lastimável estado.


Agora a violência ficou ainda pior: a Polícia criou uma tropa de ocupação – as UPPs.


Quem assistiu ao filme “Tropa de Elite 2” não tem a menor dúvida de que a maior causa da violência urbana é, na verdade, a corrupção policial. Parece incrível que, após a denúncia do deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ), o governo tenha coragem de montar uma operação bélica que, segundo os dados fornecidos pelas próprias autoridades, já matou 32 pessoas. Bandidos? Qui lo sa? Se forem bandidos, pode?


Na campanha eleitoral, propus uma forma razoável. Primeira medida, realizar uma reforma agrária, a fim de despressurizar o ambiente. Simultaneamente, legalizar o uso da maconha (não se trata de liberação geral, mas de controle da atividade pela Justiça, pelo Estado e não pelo tráfico); educar os policiais (corrompidos pela ditadura militar); e estabelecer conselhos de segurança dos bairros, colocando-os como supervisores de policiamento civilizado. Em vez de camburões e tanques da Marinha, policiais a pé, percorrendo os morros permanentemente, e dotar os conselhos de atribuições que incluam a avaliação dos policiais para efeito de promoção.


Uma vez estabelecido esse sistema, colocar a Polícia com todo rigor em cima dos traficantes de drogas químicas, que causam dependência e são produzidas por altos capitalistas, pois a atividade serve para lavar dinheiros escusos.


Fora daí estamos girando em falso. A violência apenas chama violência dobrada. Nessa espiral, os que sofrem são os trabalhadores, transformados em alvos das balas perdidas.


Plínio Arruda Sampaio é formado em Direito pela USP, foi promotor público, deputado federal constituinte e presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária – ABRA



Fonte: Carta Capital